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sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Tempo é um Fio



O tempo é um fio Bastante frágil.

Um fio fino Que à toa escapa.

O tempo é um fio.

Tecei! Tecei!

Rendas de bilro com gentileza.

Com mais empenho franças espessas.

Malhas e redes Com mais astúcia.

O tempo é um fio Que vale muito.

Franças espessasCarregam frutos.

Malhas e redes Apanham peixes.

O tempo é um fio

Por entre os dedos.

Escapa o fio,

Perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo

Como um farrapo

Jogado à toa!

Henriqueta Lisboa

sábado, 7 de fevereiro de 2009




Todos nós já tivemos, de uma maneira ou de outra, experiências difíceis na vida. Isto faz parte de nossa viagem por esta Terra – e embora muitas vezes pensamos que “as coisas podiam ter acontecido de outra maneira” - o fato é que não podemos mudar nosso passado. Por outro lado, é uma mentira pensar que tudo que nos acontece tem o seu lado bom; existem coisas que deixam marcas muito difíceis de superar, feridas que sangram muito. Como, então, nos livrarmos de nossas experiências amargas? Só existe uma maneira: vivendo o presente. Entendendo que, embora não possamos mudar o passado, podemos mudar a próxima hora, o que acontecerá durante à tarde, as decisões a serem tomadas antes de dormir. Como diz o velho provérbio hippie: “hoje é o primeiro dia do resto da minha vida”.

Paulo coelh
o

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Arquitetura funcional



Não gosto da arquitetura nova
Porque a arquitetura nova não faz casas velhas

Não gosto das casas novas
Porque as casas novas não têm fantasmas
E, quando digo fantasmas, não quero dizer essas assombrações vulgares
Que andam por aí...
É não-sei-quê de mais sutil
Nessas velhas, velhas casas,
Como, em nós, a presença invisível da alma... Tu nem sabes
A pena que me dão as crianças de hoje!
Vivem desencantadas como uns órfãos:
As suas casas não têm porões nem sótãos,
São umas pobres casas sem mistério.
Como pode nelas vir morar o sonho?
O sonho é sempre um hóspede clandestino e é preciso
(Como bem sabíamos)
Ocultá-lo das visitas
(Que diriam elas, as solenes visitas?)
É preciso ocultá-lo dos confessores,
Dos professores,
Até dos Profetas
(Os Profetas estão sempre profetizando outras coisas...)
E as casas novas não têm ao menos aqueles longos, intermináveis corredores
Que a Lua vinha às vezes assombrar!

Mário Quintana